PORTAL RIO MADEIRA – Um levantamento realizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB5/USP) revela um aumento expressivo na presença de morcegos em áreas urbanas de Rondônia. O estudo, que analisou o comportamento desses animais ao longo de 25 meses, atribui essa migração a fatores como o avanço do desmatamento na Amazônia e os efeitos das mudanças climáticas.
De acordo com os pesquisadores, cerca de 70% dos morcegos capturados durante a pesquisa estavam em zonas urbanizadas. As alterações no habitat natural e a presença de alimento e abrigo nas cidades – em grande parte proporcionados pela iluminação pública que atrai insetos – são os principais atrativos para a migração.
Riscos à saúde pública
A proximidade com os humanos pode gerar preocupações relacionadas à saúde pública, conforme destaca o professor Luís Marcelo Aranha Camargo, do ICB5. Ele explica que o fenômeno conhecido como “spillover” (transbordamento) ocorre quando espécies silvestres migram para áreas urbanas devido a alterações no meio ambiente, aumentando as chances de transmissão de doenças zoonóticas.
“Essa interação mais próxima com seres humanos pode resultar no surgimento de novos patógenos ou na disseminação de doenças já conhecidas,” alerta Camargo.
Metodologia do estudo e próximos passos
O trabalho de campo foi realizado em áreas florestais, periurbanas e urbanas de Rondônia, utilizando redes de neblina, que são quase invisíveis à ecolocalização dos morcegos, além de puçás para capturas diretas. Após análises não invasivas, os animais foram devolvidos ao local de origem.
Os cientistas agora planejam expandir o estudo para áreas na divisa entre Rondônia e Mato Grosso, regiões onde o Cerrado e a Floresta Amazônica se encontram, a fim de entender como a transição entre biomas influencia a migração de espécies silvestres.
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Fonte: Portal Rio Madeira