PORTAL RIO MADEIRA – A jaruense Maria das Graças, de 59 anos, viveu uma das maiores transformações de sua vida ao aprender a ler e escrever depois de quase seis décadas sem acesso à escola. O avanço só foi possível graças ao incentivo e à dedicação da professora aposentada Sandra, que decidiu ajudá-la após perceber suas dificuldades.
Como a história começou
Criada na Paraíba em uma família humilde, Maria nunca teve oportunidade de estudar. Já adulta, mudou-se para Rondônia, trabalhou cedo, casou e teve filhos — e mais uma vez a escola ficou em segundo plano.
A virada veio durante um curso de corte e costura, quando Sandra percebeu que Maria não conseguia acompanhar por não saber ler medidas e termos básicos.
O apoio que transformou tudo
Ao notar a insegurança da amiga, Sandra se dispôs a ensinar diariamente. A dedicação constante fez Maria vencer o medo de não conseguir aprender, algo que a acompanhava desde a infância.
“Às vezes eu desanimava, mas ela dizia que eu ia aprender. Hoje já sei ler, escrever e não sou mais analfabeta”, contou Maria, emocionada.
Três meses que mudaram uma vida
Após apenas três meses de estudo, Maria passou a ler placas, mensagens e documentos. Pela primeira vez, assinou seu próprio nome e conseguiu usar o celular sem depender de terceiros — algo simples para muitos, mas libertador para ela.
O contexto do analfabetismo no Brasil
A trajetória de Maria expõe um problema que ainda afeta milhões. Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), 29% da população de 15 a 64 anos é analfabeta funcional. Entre quem estudou só até o 5º ano, o índice chega a 71%.
Especialistas lembram que a educação básica universal só avançou de forma consistente a partir dos anos 2000, e ainda hoje o país enfrenta retrocessos: apenas 56% das crianças chegam ao fim do 2º ano alfabetizadas.
A visão da especialista
A doutora em Educação Raquel Volpato Serbino afirma que histórias como a de Maria e Sandra mostram o poder da educação, mas também revelam a responsabilidade do Estado, da escola e das famílias.
“Alfabetizar é a emergência prioritária do Brasil. Sem isso, não teremos profissionais preparados no futuro”, destaca.
Um exemplo que inspira
Para Maria, aprender a ler não foi apenas cumprir um sonho: foi recuperar autonomia, dignidade e possibilidades.
“Hoje posso pegar meu celular, mandar mensagem… Eu vivo outra vida”, diz.
Foto/Reprodução: imagens da internet
Fonte: Portal Rio Madeira


