PORTAL RIO MADEIRA – O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) iniciou uma pesquisa piloto para avaliar o impacto do abate de 500 búfalos selvagens em reservas isoladas de Rondônia. O estudo deve orientar a decisão sobre a erradicação de um rebanho estimado em mais de 5 mil animais que se reproduzem sem controle e causam danos severos à biodiversidade local.
Origem do problema e avanço da população
Os búfalos chegaram a Rondônia em 1953, em um projeto estatal voltado à produção de carne e leite. Sem fiscalização e sem predadores naturais, o rebanho se espalhou por unidades de conservação como a Rebio Guaporé, a Resex Pedras Negras e a Refau Pau D’Óleo, em uma área que reúne características de três biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Especialistas alertam que, sem controle, a população pode chegar a 50 mil animais nos próximos anos, agravando os danos ambientais.
Pesquisa vai avaliar impacto do abate e comportamento da fauna
O ICMBio afirma que o manejo letal é, neste momento, a única alternativa viável, já que a região é de difícil acesso e não existe logística para retirar os animais vivos ou mortos. Além disso, a carne não pode ser aproveitada por falta de controle sanitário.
O estudo envolve três frentes:
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ICMBio: logística e execução das ações;
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Universidade Federal de Rondônia (Unir): análise sanitária de parte dos animais abatidos;
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Empresa especializada: voluntária no processo de abate.
A pesquisa buscará responder questões como:
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quais espécies consomem as carcaças;
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se há riscos à fauna nativa;
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como o ambiente reage ao descarte no local.
Câmeras serão instaladas em pontos estratégicos para monitoramento e coleta de dados.
Danos ambientais já registrados
A presença dos búfalos provoca impactos diretos sobre espécies ameaçadas, como o cervo-do-pantanal. O pisoteio, a abertura de trilhas e a compactação do solo alteram o fluxo da água e destroem áreas úmidas essenciais à fauna e à flora.
Buritizais inteiros já morreram por causa do rebaixamento do solo e da drenagem provocada pelos animais. Em 2024, a região registrou pela primeira vez um incêndio que queimou até o solo — consequência da perda de umidade.
O ICMBio também aponta que a presença dos búfalos atrai caçadores e intensifica pressões sobre outras espécies.
Ação judicial acompanha o caso
O Ministério Público Federal move ação civil para obrigar o ICMBio e o Governo de Rondônia a implementar um plano de controle. A Justiça determinou a entrega desse plano em até três meses, com metodologia técnica, estimativa de custos e avaliação de impactos.
A pesquisa em andamento deve fornecer dados para subsidiar o projeto final.
Foto/Reprodução: imagens da internet
Fonte: Portal Rio Madeira / g1


