PORTAL RIO MADEIRA – O Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma ação civil pública solicitando a criação de um plano de controle e erradicação dos búfalos que habitam a Reserva Biológica Guaporé (Rebio Guaporé), no oeste de Rondônia. A ação, que pede urgência na adoção de medidas, destaca os riscos ambientais, sanitários e econômicos causados pela proliferação da espécie na região.
Crescimento populacional e impactos ambientais
A presença dos búfalos na reserva remonta a 1953, quando 36 animais foram introduzidos na antiga Fazenda Pau D’óleo. Sem predadores naturais e em um ambiente propício para a reprodução, a população cresceu de forma acelerada, ultrapassando 5 mil indivíduos e ocupando 12% da Rebio Guaporé. Caso nenhuma medida seja adotada, projeções indicam que até 2030 esse número pode chegar a 50 mil, comprometendo mais da metade da área da reserva.
Os danos ambientais já são perceptíveis. Segundo o MPF, o pisoteamento dos animais compacta o solo, provoca erosão, altera cursos d’água e reduz a área de ambientes alagados, impactando diretamente espécies nativas como o cervo-do-pantanal, que está em risco de extinção. Dados apontam que, nos últimos 34 anos, as áreas alagadas foram reduzidas em 48% devido à ação dos búfalos.
Riscos sanitários e econômicos
Além das consequências ambientais, o MPF alerta para os riscos sanitários e econômicos gerados pela ausência de controle sobre esses animais. A população de búfalos na reserva não passa por vacinação nem fiscalização sanitária, o que pode comprometer a credibilidade da pecuária rondoniense. O procurador da República responsável pela ação, Gabriel Amorim, reforça que essa situação pode afetar exportações e prejudicar a economia local.
Exigências da ação judicial
O MPF solicitou que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Governo de Rondônia apresentem, no prazo de dez meses, um plano detalhado de controle e erradicação dos búfalos na Rebio Guaporé. O documento deve priorizar métodos que minimizem o sofrimento dos animais e reduzam impactos ambientais.
Além disso, o estado de Rondônia será responsável pela execução do plano, disponibilizando recursos financeiros, mão de obra especializada e equipamentos. Também foi solicitado que o governo estadual desenvolva um projeto de recuperação das áreas degradadas, com supervisão e aprovação do ICMBio.
A ação foi inicialmente protocolada na 2ª Vara Federal de Ji-Paraná, mas o MPF pediu a redistribuição para a 5ª Vara da Seção Judiciária de Rondônia, especializada em questões ambientais.
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Fonte: Portal Rio Madeira