PORTAL RIO MADEIRA – A Polícia Federal afirmou ter reunido provas de um esquema estruturado para manipulação e venda de decisões judiciais, com atuação dentro de gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A informação consta em relatório parcial enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (10). O documento foi revelado inicialmente pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmado pela TV Globo.
De acordo com o relatório, as investigações apontam para a existência de um “mercado paralelo de influência”, no qual contratos milionários de advocacia e consultoria eram firmados para assegurar decisões previamente combinadas, substituindo a atuação jurídica legítima nos processos.
A PF detalha que a estrutura criminosa era dividida em três núcleos:
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Servidores públicos ligados a gabinetes, responsáveis por vazar informações e antecipar minutas de decisões;
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Advogados e lobistas, encarregados de captar clientes interessados em decisões favoráveis;
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Empresários, especialmente do setor do agronegócio, que seriam beneficiados pelos despachos.
O lobista Andresson de Oliveira, atualmente em prisão domiciliar, é apontado como o principal operador do esquema.
Mensagens interceptadas pela PF revelam o uso de linguagem cifrada e codinomes para disfarçar negociações. Expressões como “a obra está pronta” significavam que a minuta da decisão estava finalizada, enquanto “faltam os retoques do patrão” indicava que o despacho aguardava a assinatura do magistrado.
A investigação também encontrou movimentações financeiras suspeitas e bens de alto valor, como três relógios Rolex apreendidos na casa de Rodrigo Falcão, um dos servidores afastados. Um dos relógios custava R$ 106 mil, pago em dinheiro vivo.
A Polícia Federal pediu mais tempo para aprofundar as apurações e identificar novas ramificações do esquema, ressaltando que não há ministros do STJ apontados como investigados. O órgão também defendeu a manutenção das medidas cautelares contra os servidores afastados, para evitar a reativação da rede criminosa.
Em nota, o STJ afirmou que não irá se manifestar, já que o caso tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Federal. Já a defesa de Daimler Alberto Campos declarou que o nome do cliente foi utilizado de forma ilícita, e que a sindicância do STJ afastou indícios contra ele.
Foto/Reprodução: imagens da internet
Fonte: Portal Rio Madeira / O Estado de S. Paulo / TV Globo