PORTAL RIO MADEIRA – Após quase dois meses com o nível do rio Madeira acima da média histórica, moradores das comunidades ribeirinhas de Porto Velho iniciam o processo de reconstrução de suas casas e retomada das atividades agrícolas. A cheia deixou estragos em dezenas de localidades, com prejuízos significativos e famílias desalojadas.
Produção agrícola comprometida pela subida das águas
A cheia atingiu especialmente as plantações em regiões como a comunidade Boca do Jamari, distante cerca de 60 km da capital. A água invadiu propriedades rurais e permaneceu sobre as lavouras por semanas, comprometendo colheitas inteiras. Agricultores relataram perdas totais na produção de banana, milho e melancia.
Acrivaldo Olímpio, produtor rural, viu sua lavoura ser destruída. Segundo ele, todo o investimento feito nos últimos meses foi perdido: “Acredito que vou precisar de cerca de seis mil reais para conseguir recomeçar tudo do zero”, afirmou.
Famílias enfrentam desafios para reorganizar a rotina
O nível do rio, que chegou a 16,77 metros em abril — a menos de 30 centímetros da cota de transbordamento —, afetou aproximadamente 30 comunidades ribeirinhas. A Defesa Civil atuou na retirada de moradores de áreas de risco e no envio de suprimentos emergenciais, como água potável, cestas básicas e kits de higiene.
Com a redução gradual da cheia, famílias estão retornando às residências, enfrentando dificuldades como a lama acumulada nas casas e a escassez de alimentos. O agricultor Anivaldo Gomes, que teve a plantação de banana submersa, agora precisa comprar frutas de terceiros para manter a renda da família.
Governo anuncia auxílio financeiro e segue com ações emergenciais
Em resposta aos impactos, o governo de Rondônia anunciou o repasse de um auxílio emergencial de R$ 3 mil às famílias afetadas. O valor será dividido em três parcelas mensais. Além disso, as ações de assistência continuam com a entrega de insumos e suporte técnico às áreas atingidas.
Oscilações extremas no rio Madeira preocupam especialistas
O comportamento do rio Madeira tem variado drasticamente. Em outubro de 2024, o nível chegou a apenas 19 centímetros — o mais baixo já registrado desde 1967. Poucos meses depois, ultrapassou 16 metros. Especialistas apontam que essas oscilações estão ligadas às mudanças no regime de chuvas do Inverno Amazônico, impulsionado pela Zona de Convergência Intertropical.
Durante o período de seca severa, famílias ribeirinhas enfrentaram a escassez de água, utilizando menos de 50 litros por dia por residência. Regiões antes navegáveis se tornaram desertos de areia, dificultando o transporte e o abastecimento.
O monitoramento das áreas do Alto, Médio e Baixo Madeira segue em andamento pelas equipes técnicas, que acompanham os impactos e prestam auxílio à população atingida.

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Fonte: Portal Rio Madeira