PORTAL RIO MADEIRA – Novas imagens de satélite confirmam o retorno do garimpo ilegal ao Rio Madeira, com 130 balsas identificadas operando entre os municípios de Novo Aripuanã e Humaitá, no estado do Amazonas. A constatação ocorre apenas cinco meses após a Operação Prensa, que havia desmobilizado 459 embarcações no local, evidenciando a persistência da exploração ilegal na região.
Monitoramento aponta intensa movimentação
O levantamento, realizado entre 10 e 22 de janeiro de 2025, utilizou o radar SAR (Synthetic Aperture Radar) do satélite Sentinel 1 para mapear a atividade na área. A análise indicou 12 pontos ativos de mineração, sendo sete com balsas em pleno funcionamento e cinco com embarcações ancoradas ou em deslocamento.
Impactos ambientais e riscos à saúde
O Rio Madeira, um dos principais afluentes do Amazonas, há décadas sofre com a ação predatória do garimpo. Estudos científicos alertam para os altos índices de contaminação por mercúrio na região:
- Pesquisas conduzidas pela Universidade de São Paulo (USP) apontam níveis elevados da substância na biota aquática, afetando toda a cadeia alimentar.
- Levantamentos realizados em 2024 revelaram que peixes predadores na área apresentam concentração de mercúrio acima do limite de 0,5 μg/g, tornando-os inadequados para o consumo humano.
- Comunidades ribeirinhas expostas ao metal pesado sofrem danos neurológicos e cognitivos, com crianças apresentando atrasos no desenvolvimento.
Desafios no combate ao garimpo
A exploração mineral na Amazônia continua avançando apesar das restrições legais. Em 2021, a Justiça Federal da 1ª Região anulou diversas licenças ambientais emitidas pelo IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), devido à ausência de estudos adequados sobre os impactos ambientais.
Ainda assim, conforme dados do Greenpeace Brasil, 94% das atividades garimpeiras ocorrem em áreas protegidas, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação, demonstrando a fragilidade da fiscalização e da repressão ao crime ambiental.
Mobilização contra a degradação ambiental
A luta contra o garimpo ilegal tem gerado crescente engajamento social. A campanha “Amazônia Livre de Garimpo”, organizada pelo Greenpeace Brasil, já reúne mais de 212 mil assinaturas, reforçando a demanda por ações efetivas para proteger os rios da Amazônia.
A organização defende medidas estruturais e coordenadas para garantir a preservação do Rio Madeira e das comunidades que dependem dele. Além do enfrentamento direto ao garimpo, ambientalistas apontam a necessidade de políticas públicas que incentivem o desenvolvimento sustentável, respeitando os limites ambientais e os direitos das populações tradicionais.
Foto/Reprodução: imagens da internet
Fonte: Portal Rio Madeira