PORTAL RIO MADEIRA – A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta quarta-feira (23) seu relatório anual com dados de 2024 sobre a violência no campo no Brasil. O documento revela crescimento nas disputas por terra e água, aumento de incêndios e desmatamento ilegal, além do maior número de ameaças de morte já registrado nos últimos dez anos.
Disputas por terra e água aumentam
Em comparação com 2023, os conflitos por terra subiram de 1.724 para 1.768, enquanto os conflitos por água passaram de 225 para 266. A única categoria que apresentou recuo foi a dos conflitos trabalhistas, com 151 registros ligados a situações de trabalho análogo à escravidão — número que, segundo a CPT, está subnotificado.
Entre os episódios envolvendo terra, 1.624 se referem a ações de violência contra ocupações. O estado do Maranhão concentrou 363 desses casos, o que representa 21,6% do total. Em seguida aparecem o Pará (234), Bahia (135), Roraima (119), Amazonas (117) e Mato Grosso (102). As ações de resistência representaram 88 ocorrências no ano.
Cresce o número de contaminações por agrotóxicos
Um dos dados que mais chamaram a atenção no relatório é o crescimento expressivo das contaminações por agrotóxicos, que passaram de uma média anual de 24,3 (entre 2015 e 2023) para 276 registros em 2024. O Maranhão lidera com 228 casos, o que corresponde a 83,5% do total.
Avanço de incêndios e desmatamento ilegal
As ocorrências de incêndios aumentaram de 91 para 194, uma alta de 113%, enquanto os episódios de desmatamento ilegal cresceram de 150 para 209 (39%). A Amazônia Legal foi a região mais impactada por esses fenômenos, com o Mato Grosso concentrando 25% dos incêndios e o Pará sendo responsável por 20% dos desmatamentos.
Populações afetadas e autores das agressões
Entre as principais vítimas de violência nos conflitos agrários estão os indígenas (29%), posseiros (25%), quilombolas (13%) e integrantes do MST (11%). Os principais responsáveis pelas agressões, segundo a CPT, são fazendeiros (44%), empresários (15%) e o governo federal (8%).
Violência pessoal no campo
Em relação à violência contra a pessoa, o relatório aponta 13 assassinatos — o número mais baixo desde 2015 —, mas 272 ameaças de morte, o maior registro da última década. Em seis dos homicídios (46%), os mandantes foram latifundiários, e em quatro desses casos houve envolvimento direto ou apoio de forças policiais. Em um dos episódios, a execução foi realizada por um ex-policial militar atuando como segurança de um empresário que teria encomendado o crime.
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Fonte: Portal Rio Madeira