PORTAL RIO MADEIRA – Um gesto de empatia e amizade entre duas crianças tem chamado atenção em uma escola estadual de Cacoal, interior de Rondônia. O estudante Mateus Vieira, de apenas 7 anos, decidiu aprender Língua Brasileira de Sinais (Libras) para se comunicar com a colega de sala Alice, que é surda. A atitude simples, mas significativa, tornou-se um exemplo de inclusão escolar.
Apoio familiar foi essencial para o aprendizado
Diante da iniciativa do filho, a mãe de Mateus, Miriam Vieira, buscou apoio imediato e matriculou o menino em um curso intensivo de Libras. Durante cinco dias, ele se dedicou ao aprendizado dos sinais, com o objetivo principal de conversar e brincar com a amiga, e não substituir o trabalho da intérprete que acompanha Alice em sala.
“Ele participou com entusiasmo, voltou motivado e disposto a compartilhar o que aprendeu. Foi emocionante ver essa atitude partindo dele”, contou Miriam.
Inclusão na prática sensibiliza a comunidade
A iniciativa também comoveu a mãe da aluna surda, Valéria Diogo, que destacou a importância do gesto para o bem-estar da filha. “Ela se sentiu mais incluída. Nem sempre as pessoas conseguem se comunicar com ela, e isso a entristece. Mas ver um colega se esforçando por isso foi algo que a deixou feliz”, relatou.
A professora Janete Carvalho, responsável pelos dois alunos na Escola Estadual Bernardo Guimarães, considerou a atitude um exemplo concreto do que representa a verdadeira inclusão. “Quando a criança se propõe a compreender e a se expressar com o colega surdo, ela está promovendo integração e inspirando toda a escola. Isso vai além da sala de aula”, afirmou a docente.
Avanços na educação bilíngue em Rondônia
Segundo a professora Ariana Boaventura, docente de Libras na Universidade Federal de Rondônia (Unir), a inclusão da disciplina na rede pública tem avançado gradualmente. Municípios como Vilhena, Jaru, Costa Marques, Ji-Paraná e Porto Velho já implementaram a matéria em suas grades curriculares e realizam concursos para professores de Libras.
Ela reforça que o aluno surdo precisa ter Libras como primeira língua (L1) e que intérprete e professor desempenham funções distintas. “Enquanto o intérprete traduz conteúdos, o professor ensina a estrutura da língua. Ambos são importantes, mas não substituem um ao outro”, explicou.
Termos adequados e conscientização
A educadora também chamou atenção para o uso correto dos termos ao abordar questões relacionadas à surdez. “Libras é uma língua, não uma linguagem. E o termo ‘surdo-mudo’ está incorreto — são apenas surdos. É fundamental promover uma abordagem respeitosa e consciente”, finalizou Ariana.
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Fonte: Portal Rio Madeira