PORTAL RIO MADEIRA – Um novo levantamento divulgado pelo Greenpeace revela que o garimpo ilegal segue impactando Terras Indígenas (TIs) na Amazônia, mesmo com ações de fiscalização e desintrusão promovidas pelo governo federal. O relatório, intitulado Ouro Tóxico, expõe que, entre 2023 e 2024, ao menos 4.219 hectares de floresta foram degradados pela mineração irregular — uma área equivalente a cerca de seis mil campos de futebol.
Fiscalização pressiona, mas não impede avanço
De acordo com o documento, a intensificação das operações de fiscalização em áreas como a Terra Indígena Yanomami, nos estados de Roraima e Amazonas, reduziu a atuação garimpeira nesse território. Contudo, a atividade foi deslocada para outras regiões, como a Terra Indígena Sararé, no Mato Grosso, onde houve um aumento de 93% na área explorada. Somente nesse território, 1.816 hectares foram destruídos no período analisado.
A mesma dinâmica foi observada em outras TIs. Enquanto Munduruku e Kayapó, no Pará, registraram queda na atividade de garimpo após ações governamentais, outras áreas passaram a ser alvo da mineração ilegal. A mudança constante do foco territorial da atividade demonstra uma adaptação do garimpo diante das operações de repressão.
Impactos ambientais e sociais persistem
Entre os principais efeitos do garimpo estão a degradação florestal, a contaminação dos cursos d’água por mercúrio e os danos às populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas. O Greenpeace alerta que o avanço da exploração ilegal coloca a Amazônia cada vez mais próxima de um ponto de irreversibilidade ambiental, conhecido como tipping point, em que a floresta perderia a capacidade de regeneração.
Entre janeiro e 13 de fevereiro de 2025, o Ibama registrou a perda de 42 hectares de vegetação nativa na TI Sararé. O instituto informou, por meio de nota, que atua sistematicamente na região desde 2023 e que já inutilizou mais de 275 escavadeiras e diversos outros equipamentos utilizados no garimpo, causando prejuízos significativos aos infratores.
Lacunas na rastreabilidade do ouro
O estudo também destaca fragilidades no sistema de controle da cadeia produtiva do ouro. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela emissão das Permissões de Lavra Garimpeira (PLGs), é criticada por falhas na fiscalização do uso dessas autorizações. Isso permite que ouro extraído ilegalmente seja incorporado ao mercado como se tivesse origem legal.
A discrepância entre os números de exportação declarados pelo Brasil e os dados de importação da Suíça reforçam a suspeita de irregularidades. Em 2022, a diferença foi de 9,7 toneladas de ouro; em 2023, chegou a 8,7 toneladas. Essas divergências, segundo o Greenpeace, indicam possíveis falhas de transparência e controle no comércio internacional do minério.
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Fonte: Portal Rio Madeira