PORTAL RIO MADEIRA – A fuga de um detento identificado como Rodrigo Thierre, apontado como integrante do Comando Vermelho (CV), do presídio Urso Panda, em Porto Velho, semanas antes de sua participação na execução de um policial militar, trouxe à tona dificuldades enfrentadas pelo sistema penitenciário de Rondônia.
Após deixar a unidade prisional no dia 2 de dezembro, Thierre esteve envolvido na morte do cabo da Polícia Militar, Fábio Martins, em uma emboscada no Residencial Orgulho do Madeira. No último domingo (26), o foragido morreu em confronto com a polícia, mas sua fuga e os eventos subsequentes reforçam a necessidade de estratégias para impedir ações coordenadas da facção na região.
Fugas e atuação da facção
A evasão do presídio Urso Panda não foi um caso isolado. Em fevereiro de 2024, uma rebelião em um presídio destinado a lideranças criminosas no Acre resultou na transferência de dois integrantes do Comando Vermelho para a penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Meses depois, esses mesmos detentos protagonizaram a primeira fuga registrada em uma unidade prisional federal de segurança máxima no Brasil, fato que teve repercussão nacional e internacional. Dias após esse episódio, 13 detentos, também apontados como membros do CV, escaparam da Casa de Detenção de Pimenta Bueno, gerando divergências entre a Secretaria de Justiça (Sejus) e o Ministério Público sobre o número exato de fugitivos.
Além disso, Edsandra Costa da Silva, conhecida como “Vitória do CV”, foi presa no Acre sob suspeita de participação no homicídio do cabo Fábio Martins, o que evidencia a movimentação da facção entre estados para reorganizar sua estrutura e planejar novas ações.
Repercussão e desafios do sistema prisional
O aumento da criminalidade e os episódios de violência registrados em Porto Velho, como incêndios em ônibus e homicídios, reforçam as dificuldades enfrentadas pelas forças de segurança para conter a influência da facção.
Representantes da categoria apontam a falta de investimentos no sistema prisional como um dos principais desafios. Policiais penais ouvidos pela reportagem destacam a ausência de concursos públicos há mais de 14 anos, o que impacta diretamente no controle das unidades prisionais.
Outro ponto levantado é a “portaria do silêncio”, uma norma da Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) que restringe a divulgação de informações sobre foragidos. Segundo um servidor, que preferiu não se identificar, a sociedade deveria ter acesso imediato às identidades dos fugitivos para reforçar medidas preventivas.
O presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Rondônia (Singeperon), Clebes Dias Ferreira, defende que a segurança pública depende de melhorias estruturais e do reforço de pessoal no sistema penitenciário. “A falta de investimentos coloca em risco tanto os servidores dentro das unidades quanto a população nas ruas”, afirmou.
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Fonte: Portal Rio Madeira